Outro desabafo

Sou introspectiva, penso com muita frequência nas minhas acções numa recreação mental de acontecimentos constante. É a minha maneira de me avaliar, de me corrigir. Não vou dizer isto porque é bonito, mas chego muitas vezes à conclusão de que agi mal, de que perdi a razão pela maneira como me exprimi. É um exercício involuntário, nocturno, de pré-sono. O meu único momento do dia em que estou só, comigo! No silêncio, no escuro...

Também são muitas as vezes que concluo que agi com verdade, defendi quem precisava, agi com coragem...

Perco muitas vezes o sono com estas divagações. Não tenho problemas de consciência, arrependo-me de muita coisa que fiz (muitas mais que disse) mas sigo sempre convicta de que a minha humanidade me protege de falsas certezas absolutas (o chavão que anda de boca em boca e que acho ridículo: "Não me arrependo de nada!" ).

As relações humanas são extremamente complicadas e nunca pensei que, uma coisa supostamente tão boa como é o planeamento de um casamento me trouxesse tantas incertezas e amarguras. Quem convidar? Quem não convidar, com muita pena, mas o orçamento é curto e obriga-nos à objectividade dos números!? Quem não convidar porque não merece partilhar este dia connosco?
Isto tem-me tirado horas de sono. Não porque não saiba o que fazer ou como me justificar mas porque sei que os mais ofendidos serão aqueles que menos merecem a minha atenção e preocupação.

A conclusão mais triste a que cheguei é que gostar de alguém não é suficiente para se conseguir manter uma relação. É um bom começo mas não é mesmo o suficiente...
A verdade é que ninguém é bom irmão sozinho, ninguém é bom pai sozinho...todas as relações implicam reciprocidade. Quando esta não existe, ou quando é insuficiente a coisa não se dá. Simples.

Quando me surgiram as primeiras dúvidas sobre convidar ou não grupos de pessoas, consultei o Rui sobre o assunto.
Ele muito seguro de si disse-me: "Se as pessoas não querem saber de ti, nem da Clara, nem de mim, porque é que te remóis com isso? Para mim é tão evidente que não as deves convidar. Se quiseres podes dizer que sou eu que não as quero lá. Não te merecem, nem merecem a tua preocupação!"
Não, eu não me escondo atrás de ninguém. Eu dou a cara pelas minhas decisões, SEMPRE e PARA SEMPRE. A decisão é minha, seja ela qual for!

Mais umas horas em branco...de facto, se não me respondem, não me falam, não se desculpam, agem como se eu nem existisse. Porque me preocupo tanto?
Preocupo-me porque apesar de manter-me firme nas minhas convicções continuo a gostar delas e gostava realmente que as circunstâncias fossem outras mas uma relação não constrói a um, constrói-se a dois (ou três ou quatro)...

Mais do que a morte, aquilo que realmente é triste na vida são estas coisas. Mesquinhices, bocas foleiras, cobardias, auto-comiseração.
As minhas horas de sono em branco não são fruto de arrependimentos, são fruto de um pesar que não consigo deixar de sentir (apesar de parecer que desprezo essas pessoas). Um pesar de saber que há relações moribundas na minha vida para as quais não consigo encontrar solução. Eu que sou uma pessoa tão alegre e descontraída sou também tão casmurra e séria nestas questões.

Não tenho medo, não tenho medo de errar, não tenho medo de ninguém, nem de mim tenho medo. 



"Have no fear

For when I'm alone
I'll be better off than I was before
I've got this light
I'll be around to grow
Who I was before
I cannot recall

Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground
Ah...

I'll take this soul that's inside me now
Like a brand new friend
I'll forever know
I've got this light
And the will to show
I will always be better than before

Long nights allow me to feel...
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground
Ah..."