Há muito boa vida nas Forças Armadas, há. Não sou RP da Força Aérea mas nos dois anos de Açores compreendi melhor o seu papel na sociedade.
Sempre que digo a alguém que vivi dentro da Base das Lajes perguntam-me se viemos embora por causa dos Americanos. A missão da Força Aérea nas Lajes é independente da missão americana. Há muita confusão e informação difusa sobre este assunto, vou esclarecer alguns pontos:
- A Base não é americana. A Base é portuguesa e os americanos pagam uma espécie de "renda" para lá estarem. Todas as suas acções são sempre monitorizadas pelos portugueses;
- Eles não são fanfarrões, espalhafatosos e manientos. Há uma mentalidade que lhes é incutida de que estão num país que não o deles e que têm de respeitar sempre as leis e os costumes da "host nation" como eles próprios dizem. São muito discretos, vivem numa comunidade muito fechada mas são sempre muito simpáticos para com os autóctones e para com os militares portugueses;
- A saída deles não aconteceu agora de repente. Já nos verão passado notámos uma diminuição do numero de famílias residentes. Ao contrário do que é tipicamente latino, eles estão a demolir edifícios que iriam ficar abandonados e a terraplanar esses mesmos terrenos, para que a Força Aérea Portuguesa faça deles o que quiser;
- A missão Portuguesa nas Lajes é vista pelos Açoreanos como o maior apoio que têm à sua insularidade. Das nove ilhas só o hospital de São Miguel é que é completamente equipado e cheio de especialistas das várias áreas da medicina. Isto significa que se alguém tiver um azar na ilha do Corvo, um traumatismo craniano por exemplo, é a Força Aérea que tem a responsabilidade de efectuar o transporte desse paciente para a unidade hospitalar certa. Quase todos os dias o helicóptero ou o c-295 efectuam missões de transporte de doentes inter ilhas.
Também são efectuados resgates no mar a doentes ou a náufragos.
Gosto de falar nisto de vez quando para relelmbrar que no meio de muita gente folgada há quem trabalhe bastante para garantir a segurança do país.
1 comentário:
E mesmo o pessoal mais "folgado", que senta o rabo na cadeira do gabinete, desempenha funções que, direta ou indiretamente, contribuem para a operacionalidade do ramo. Gosto de pensar que, na FAP, (quase) nada é ao acaso e que as coisas estão (relativamente) bem organizadas.
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