Tenho muito orgulho nessa minha característica. Acontece-me muito dizer: "Vais ver que daqui a uns tempos vai acontecer x..." - as pessoas (o Rui, vá) acham que estou a delirar, que tenho a mania que sou esperta mas, o que é certo é que, passado um tempo x acontece e eu rejubilo de glória (ou então fico só contente por ter acertado).
A gravidez tem-me causado alguma instabilidade emocional (é melhor culpar as hormonas). O meu estado de espírito tem-se dividido entre duas tendências: ou estou irritada ou estou triste. O estar triste não me corrompe tanto, quando me sinto mais em baixo vejo um filme ou um programa que me faça chorar e sinto-me logo melhor. A irritabilidade é que me tem dado dores de cabeça (sentido figurado). Irritada sou imprevisível e odeio isso. Ando irritada porque estou em casa, porque ainda não encontrei uma rotina que me satisfaça, porque me sinto mais fardo cá do que lá, porque me sinto sozinha. Detesto não me sentir útil, detesto não saber o que fazer, detesto não ter horários (ok, a malta que está farta de trabalhar deve estar a rogar-me pragas. Experimentem estar dois anos e tal sem trabalhar e depois digam qualquer coisinha, sim?).
Quando a decisão de voltar foi tomada eu previ isto, este meu mini desabamento. Não gosto de mudanças, não gosto de alterações de rotinas. As rotinas e a estabilidade (o parecer que está sempre tudo na mesma, que a maior parte das pessoas odeia) são coisas preciosas para mim. Sou feliz no tédio, porque sei com o que posso contar. Parece parvo mas não é. Quando andamos muitos anos com a vida às avessas só desejamos normalidade. Quando essa normalidade aparece sabemos valorizá-la de uma maneira diferente das pessoas cuja vida foi sempre calma.
Tenho que me animar, não sei muito bem como...
3 comentários:
Como é que te animas? 1) está tudo bem com o bebé; 2) está tudo bem com a Clara; 3) tens trabalho garantido (agora e assim que terminar a licença de maternidade); 4) estás mais perto da tua mãe e dos nossos amigos; 5) eu sou um gajo impecável!... ;)
Estou com o Rui e não largo. Está só na tua cabeça, olha à volta e vês que és uma lucky girl. E aproveita estes últimos meses sem rotina e sem dois filhos às costas, acredita. Porque é muito fácil dizer-te para fazeres o que eu digo e não o que eu faço, digo-te para passeares com a Clara e com a tua mãe e sozinha e só com o Rui ou a 3 ou em família grande aqui com os amigos nórdicos. Aproveita e não penses assim.
Obrigado, Andreia!
Enviar um comentário