Como é que é possível que hoje, 3 anos e 7 meses depois eu ame ainda mais este ser que fizemos, do que quando ouvíamos o coração dela dentro de mim, ou do que quando ela nasceu. Não sou fascinada pela minha filha e tenho pena das pessoas que o são, acho isso ridículo e revelador de muita insegurança.
Ela não é a criança mais bonita, inteligente e interessante do mundo. Isso não existe. Ela tem tantos defeitos, tem tão mau feitio, é tão incontrolável (não sei a quem sai -
É tão indescritivel o que se sente por um filho. Dou comigo muitas vezes completamente babada a olhar para ela, enquanto faz um puzzle, ou enquanto fala com os bonecos, maravilhada com a criação mais bonita da minha vida.
Há uma altura na vida em que achamos que estamos guardados para grandes feitos, grandes conquistas. Quando os filhos nascem percebemos que o melhor que podemos deixar neste mundo é o altruísmo de sermos bons pais, ensinar os nossos filhos a serem bons pais para que os filhos deles também o sejam, para que a nossa linhagem seja anónima e cheia de gente com um grande coração.
Na minha família sempre se discutiram muito os favoritismos. Quando era miúda sentia que a minha mãe gostava mais da minha irmã do que de mim e sentia que o meu pai me mimava para compensar isso. Se aquilo que sentia era a verdade, penso que não.
No entanto, quero muito fazer um esforço gigantesco para que os meus filhos nunca sintam necessidade de competir um com o outro pelo meu afecto.
Essa é a minha grande preocupação nisto de ter dois filhos. Quero que sejam amigos para sempre, que se unam contra nós, se for preciso, mas que nunca virem as costas um ao outro por competitividade, ciúmes, inveja, etc.
Fico enternecida quando vejo irmãos que se adoram, que se apoiam, que querem genuínamente o melhor para o outro. Enfim, vamos lutar por isso. Para já, temos a vantagem de ter uma Clarinha que adora bebés, que é super delicada com eles e que quer muito ter um irmão, apesar de não perceber tudo o que isso implica.
Já lhe disse que tenho um bebé na barriga, perguntei-lhe se queria ter um irmão e ela disse que sim. Não quero falar-lhe nisso todos os dias, nem todas as semanas, nem todos os meses. Não quero que crie expectativas, nem que desespere meses e meses à espera do irmão. A noção de tempo para eles é tão diferente da nossa.
2 comentários:
Podia dizer exactamente o mesmo...
"O calibre da menina"; é isso mesmo! :)
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