sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Sobre voar...

Sempre tive medo de andar de avião, desde a primeira vez que andei. Aquele som que as portas fazem quando são fechadas mexe comigo, talvez sofra de um bocadinho de claustrofobia, não sei.

No outro dia o Rui perguntou-me porque me sentia assim, nunca o tinha demonstrado antes. Não soube responder de imediato mas, mais tarde, encontrei a razão e é tão simples. Quando andamos de avião uma vez por ano (se tivermos sorte), estamos a fazê-lo porque vamos de férias, há esse motivo e já nem sequer nos lembramos bem da última vez que andámos. Há nervos mas há também, e acima de tudo, a excitação de conhecer um sitio novo.

No nosso caso temos que andar com alguma frequência e não vamos para nenhum sitio novo. Andar muitas vezes faz com que não me esqueça do transtorno que me causa.

Na viagem de ontem tive um momento de puro pânico, interior claro, eu estava sozinha com a Clara, nunca poderia dar parte fraca. Quando levantámos voo em Lisboa demoramos cerca de 45 minutos a sair das núvens (ou nevoeiro, não sei que fenómeno metereológico foi aquele). Pela janela só se via branco, minutos e minutos de branco. Para juntar a isto, muita turbulência. Estes aviões são horríveis porque vamos sentados frente a frente e, mesmo que não queiramos, não há como não ver expressões de medo. Foi um desatino. Se perguntarem a alguém da tripulação já nem se lembram de nada porque para eles não foi nada.
Para mim foi extremamente difícil concentrar-me e evitar os rostos que não queria ver, foi extremamente difícil desacelerar o meu coração. Enfim, pensei:

"Olha só para a tripulação, para o sr. da Marinha que está a picar milho e para os pilotos (passageiros) que estão a mexer no tablet!"

O sr. da Marinha acalmou-me muito. Em seguida fiz uma lista mental de tudo aquilo que iria fazer quando aterrasse, nos próximos dias, semanas, meses...tentei sonhar alto com metas e objectivos conseguidos e assim, aos poucos, sosseguei. Quando voltei a olhar para a janela as núvens estavam lá em baixo e a trepidação acalmou. O resto do voo foi brutalmente calmo.

Descargas e descargas de adrenalina, pobre coração.

A foto não foi tirada hoje mas o avião foi o mesmo (o vidro sujo não é da minha responsabilidade)




1 comentário:

O Toupeira disse...

Nada como uma pessoa da Marinha para nos acalmar num avião da Força Aérea ;)