quinta-feira, agosto 17, 2023

The crow

 Este blog tem tantos anos que nem me lembro se já escrevi aqui sobre este filme.


Hoje apareceu-me no instagram um trailer deste filme. Dei comigo a pensar em como foi importante em determinada altura da minha vida. Depois comecei a relembrar essa altura e tudo o que eu gosta era muito dark. Idolatrava o Kurt Cobain, que acabou por se matar, revia este filme vezes sem conta, li a biografia do Che Guevara, que não é uma história leve e ele é morto na Bolívia. Tudo o que agradava tinha trevas.

Existia uma óbvia curiosidade pela morte, resultado de ter privado com ela tão de perto, tão cedo, tão inesperadamente. 
Talvez venha daí a minha coragem para viver, para mudar. Se é para mudar, se é para dar a volta, contem comigo. Dá trabalho? Dá. Causa desconforto? Causa. Mas é dessa forma disruptiva que aprendi a andar para a frente. Talvez por isso nunca me tenha conformado com nada até estar plenamente satisfeita. Nem com casas, nem com trabalhos, nem com namorados. Se não é o melhor e o ideal então vamos lá mudar. 
Naquela altura quando eu pensava "alguma coisa boa tem de nascer daqui!" - eu acreditava que alguém me iria salvar daquele vazio e daquele escuro todo em que estava mergulhada. Mal sabia eu que a vida não é assim. Ninguém nos vem salvar, nós é que nos salvamos. 

Gosto daquele exercício que os terapeutas propõem: imagina que este teu Eu de agora entra no teu quarto do passado e lá estás tu, com 14 anos sentada na cama, que lhe dirias? 
Eu iria abraçar-me com muita força, iria deixar-me chorar no colo do meu eu de 40 anos. E este eu que sou hoje iria dizer aquela miúda zangada para não esperar por ninguém. Ela irá ser a sua própria salvação e vai conseguir tudo o que quiser.

Gostava que alguém me tivesse dado essa confiança. Lá está, ninguém deu. Daí ter andado às cabeçadas durante tanto tempo à procura do meu caminho. 

(Espero que este texto não esteja muito à Gustavo Santos, cheio de clichés e conclusões óbvias)


Uma das músicas da banda sonora do Corvo. Tem outras tantas muito boas, de bandas conhecidas.



2 comentários:

O Toupeira disse...

Deves ser o eu de hoje que mais palavras sábias tem para deixar ao eu teen. É mesmo isso!

O Toupeira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.