Parabéns

O meu pai era um homem de mesinhas. Quando tinha soluços punha-me uma linha vermelha na testa (colada com saliva, niiiiiice), quando tinha tosse fazia xarope de cenoura com açúcar amarelo, etc.

Ele acreditava que davam resultado e era, ao mesmo tempo, a pessoa mais descrente que já conheci. É contraditório? É. Mas é deliciosa essa coisa a que se chama personalidade, quando gostamos das pessoas adoramos a sua complexidade. Quando estou grávida tenho ainda mais saudades dele, da sua calma, sentido de humor e honestidade.

O meu pai odiava mesquinhice, egoísmo, avareza. Ele e a minha mãe são as pessoas mais bondosas que conheci e que sorte tive em tê-los como pais (espero honrar essa dádiva através do caminho que vou traçando). O meu pai não era ganancioso com as suas coisas, não era ciumento com os seus (apesar de nem sempre o tratarem com a justiça que merecia). Era um homem com grande personalidade e tenho a certeza que lá onde quer que esteja, está e estará sempre orgulhosamente do meu lado, eu que, orgulhosamente, carrego comigo algumas das suas qualidades: denfender sempre a justiça dos factos, defender sempre quem merece ser defendido, mesmo que isso faça de mim um monstrinho aos olhos dos lobos em pele de cordeiro. Eu, que sempre fui um cordeiro em pele de lobo, mal julgada, mal interpretada, mal amada por aqueles que partilham sangue comigo. Enfim, a familia não se escolhe e agaradeço todos os dias a educação e o exemplo dos que me fizeram. É um compromisso que encaro com responsabilidade.

Hoje faria 67 anos.

Epá que lamechice. Começou o desiquilibrio hormonal. Desculpem qualquer coisinha. Amanhã digo parvoíces outra vez