Telmo

Quando ele nasceu eu tinha 4 anos e nunca me esquecerei dessa primeira vez que o vi. Acho que foi a primeira vez que vi um bebé tão perto. Depressa passou a ser uma das minhas pessoas preferidas e durante toda a infância fomos grandes amigos. Ele sempre teve o dom de fazer rir todos à sua volta, um palhaço genuínamente alegre. Adorava quando dormia lá em casa e dizia coisas já no escuro só para nos rirmos, só para nos mandarem calar, só para termos ainda mais vontade de rir.

Quando comecei a ficar adolescente fiquei um pouco snob com ele, não de forma intencional, mas por inseguranças da idade (idade mais estúpida que existe). Ele borrifava-se nisso, aparecia à minha porta de bicicleta e ficávamos ali horas a falar e a rir, claro, sempre a rir. Nunca deixou de me aparecer à porta, mesmo em adulto. Nunca deixou de me fazer rir. A cena mais tipica era eu abrir a porta e ele dizer logo: "Vá prima, vai-te lá vestir...vamos comprar umas entremeadas e vamos fazer pitéu lá no terreno, despacha-te!"

Ele é assim, assertivo, não há cá bom dia nem boa tarde, é logo: "Bora, vamos ao café!

É uma das pessoas mais alegres que conheço, contagiante mesmo, descomplexado e "espalha-brasas". Ele adorava pôr esta música e cantá-la ao lume enquanto assava as entremeadas dando trejeitos ao pescoço, armando-se em fadista.

Eu, muito linda (NOT), com corte de cabelo à cogumelo...espera temos os dois o mesmo corte de cabelo. Malditos anos 90. Reparem na aparelhagem com uma cassete lá dentro e nas cassetes em cima dos sofás, muito bom!