quinta-feira, novembro 27, 2014

Imagem destorcida de si mesmo (a caracteristica de personalidade mais triste que existe)



Às vezes ficamos a falar durante horas no escuro do quarto, pela madrugada fora. Lembro-me que no início do namoro faziamo-lo quase todos os dias e eu andava com umas olheiras que me chegavam ao umbigo. Agora não o fazemos com tanta frequência mas de vez em quando lá ficamos. É nestas conversa que chegamos às mais brilhantes conclusões. São conversas desprovidas de ego, somos dois amigos a partilhar pontos de vista, a aconselhar quem está mais confuso (geralmente sou eu). O Rui ajuda-me a lidar com os meus demónios e eu ajudo-o a defender-se do lado obscuro dos outros (lado que ele às vezes não vê devido à sua imensa aura de bondade).

Ontem falámos numa característica de personalidade que nos choca, irrita e surpreende. Conhecemos pessoas que têm uma imagem de si próprias completamente desfasada daquilo que são na realidade. É um bocadinho como a história "O Rei vai nú", ele acredita que tem lindas vestes mas todos à sua volta vêem-no nú. Com estas pessoas é exactamente a mesma coisa, elas não entendem que os outros as vêem para além daquilo que elas querem mostrar.

Há muitas variantes desta característica. Algumas pessoas "acham-se" menos do que realmente são e os outros conseguem por vezes surpreendê-las pela positiva, valorizando-as. Geralmente estas têm problemas de confiança e auto-estima.

As outras é que me irritam, as que se acham um máximo. Conhecemos um caso tão flagrante em que a pessoa pensa que todos a adoram, que olham para ela com admiração e respeito e no fundo ninguém a suporta.

Aquilo que me faz pensar nisto com algum prazer é: será que a pessoa é mesmo "tapada" e crê realmente naquela imagem idílica de si própria? Ou será que a pessoa lá bem no fundinho percebe que ninguém a vê como ela gostaria?

Depois há outra questão, se são realmente tapadas quando um dia a ficha cair estas pessoas serão miseráveis, certo? Por um lado tenho pena delas mas por outro (por serem tão insuportavelmente convencidas e irritantes) deviam mesmo de acordar para a realidade e ver como os outros as vêem de verdade.

No fundo tenho pena delas, não há coisa mais triste do que a falta de lucidez, na minha opinião, claro.

1 comentário:

O Toupeira disse...

Neste caso específico, a pessoa acha-se tão superior que é profundamente "tapada", vivendo num mundo que é só dela. É uma espécie de "autismo de auto vanglorização".