How I met your father

O cinema King vai fechar. Esta é uma daquelas notícias que me deixa triste por motivos muito especiais. 

Conhecemo-nos em frente ao cinema King. Ele estava lá à minha espera com um livro na mão e eu levava o meu também, como tinhamos combinado, uma troca de livros preferidos. Combinámos que fingiriamos já nos conhecer, que nos estariamos a encontrar por acaso ou que eramos amigos de longa data que iriam, mais uma vez, ao cinema. Foi uma forma de tirarmos importância ao encontro, uma forma de não nos sentirmos nervosos ou pressionados. No fundo foi isso mesmo que aconteceu, um encontro entre dois velhos amigos que, sem saberem, já se conheciam há muito tempo. Pelo menos foi o que senti. 

Esse final de tarde no cinema passou a cafézinho e a seguir ao cafézinho houve uma falsa despedida. Quando estava a pôr o capacete para ir embora ele perguntou-me se não tinha fome. Obviamente que sim. Fomos jantar. Fomos de scooter, ele aterrorizado, a agarrar-me muito cordialmente no casaco. 

2 da manhã, aí sim despedimo-nos e eu sentia-me nas núvens. Ele era ainda melhor em pessoa. Fui o caminho todo a flutuar como um balão e o caminho todo a puxar-me para a terra: "Tens que te preparar, ele pode não te ligar nos proximos dias!"; "Tens que pensar nele como um amigo, não te armes em parvinha!". Vim o caminho todo a mandar-me abaixo, a querer ter os pés na terra para não dar nenhuma queda grande. Tão tipico meu. 

Quando cheguei a casa ouvi o telemovel, toque de mensagem, só podia ser ele, só ele estava acordado como eu. Também podia ser uma daquelas mensagens da TMN, estúpidos, mandam mensagens nas horas mais inconvenientes...mas não, era mesmo ele, queria passear comigo no dia a seguir...NÚVENS.

Conhecemo-nos numa sexta. Começámos a namorar na segunda-feira seguinte, ao 4º dia de nos conhecermos! Romântico e seguro. Tão tipico dele.